Os médicos já sabem e você também: depois do Carnaval, o número de pacientes com doenças infecciosas tende a aumentar. As aglomerações são o cenário ideal para diversão, mas também para o contágio. No entanto, antes mesmo do início oficial da festa, o número de casos da “doença do beijo” já preocupa especialistas em Salvador.
A médica infectologista Clarissa Cerqueira relata que os casos de mononucleose, doença causada pelo vírus Epstein-Barr, cresceram neste ano na capital baiana. “Não é comum internarmos pacientes com mononucleose, então os casos têm chamado atenção dos médicos antes do Carnaval. Em geral, observamos o aumento depois da festa”, explica.
A maioria dos pacientes é adolescente, mas também há casos de pessoas na faixa dos 40 anos com a doença. Geralmente, a médica diagnostica um caso de mononucleose a cada seis meses, mas só neste ano foram quatro. “Os pacientes apresentam queixas de febre persistente, dor no corpo e de garganta, além de aumento dos linfonodos (ínguas)”, relata Clarissa.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foi procurada, mas não forneceu os dados sobre os registros da doença em Salvador até a publicação desta matéria. Já a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) informou que não possui dados sobre a mononucleose, pois não é uma doença de notificação compulsória.
Doença do beijo
A saliva é a principal forma de contágio da mononucleose, o que lhe rendeu o nome popular de “doença do beijo”. O diagnóstico é feito com exame clínico e de sangue. É importante procurar um médico ao apresentar sintomas, pois eles podem ser confundidos com doenças como sífilis, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e toxoplasmose.
“A mononucleose é transmitida por gotículas e saliva, sendo uma doença difícil de prevenir. O ideal é evitar compartilhar objetos e beijar pessoas contaminadas”, explica Clarissa.
A doença afeta, principalmente, jovens e adultos com idade média entre 15 a 25 anos e é considerada comum no mundo inteiro. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a estimativa é que até 90% da população adulta já tenha sido infectada pelo vírus que causa a mononucleose.
Uma vez no organismo, o vírus invade as células que revestem o nariz e a garganta, causando a proliferação de um tipo específico de glóbulos brancos, as células mononucleares. Casos agudos da doença podem provocar problemas no baço e fígado, devido ao aumento do tamanho dos órgãos.
O médico infectologista Claudilson Bastos explica que a complicação mais grave é a ruptura do baço. “Ela pode ocorrer espontaneamente, sem trauma, e é mais comum nas primeiras semanas após o início dos sintomas. A taxa de mortalidade, em caso de ruptura, é significativa”, explica.
Tratamento
Não existe um tratamento específico para a mononucleose, que geralmente afeta o organismo durante duas semanas. Nesse período, medicamentos são utilizados para reduzir os sintomas, como explica Clarissa Cerqueira. “O tratamento é de suporte. Ou seja, trata-se os sintomas e orienta-se o paciente de que é uma doença que geralmente não traz complicações”, conclui.
Mín. 23° Máx. 25°